Nunca me esquecerei da minha primeira experiência a conduzir um automóvel sozinho, sem ninguém no lugar do passageiro, ao meu lado. Estava a trabalhar no turno da noite como controlador de stocks, numa mercearia que ficava a cerca de seis quilómetros da minha casa, e os meus pais permitiram-me conduzir um dos carros da família sozinho.
Tinha recebido um excelente treino de condução, tanto na minha escola secundária como por parte do meu pai e do meu tio, no Texas, onde eu passara cerca de seis semanas no Verão anterior. Como tal, sentia-me bem preparado e a minha ida até à mercearia não teve qualquer ocorrência. O regresso a casa, porém, já foi outra história.
Perto das 22:00, saí da loja em direcção ao carro. Havia uma névoa extremamente densa e eu não via mais do que dez passos de distância à minha frente. «Bem», pensei, «vamos ver o que acontece.» Felizmente, já tinha feito o trajecto de ida e volta à mercearia várias vezes, tanto como motorista quanto como passageiro, e, como tal, conseguia visualizar o caminho que deveria seguir, mesmo que a neblina obscurecesse grande parte do trajecto. A luz dos faróis parecia incidir sobre mim, o que não ajudava em nada.
Isto aconteceu no tempo em que nem sequer se pensava em telemóveis; por isso, eu nem sequer podia contactar os meus pais para os avisar sobre a minha situação. A minha mãe estava com os nervos em franja e o meu pai tinha decidido sair sozinho para me encontrar, caso fosse preciso. Felizmente, cheguei a casa intacto, sem qualquer arranhão no carro, embora o curto trajecto tenha levado mais de uma hora a mais do que era habitual.
Conto esta história porque, às vezes, a vida é assim. Deparamo-nos com uma crise, seja no trabalho ou na nossa vida pessoal, e não conseguimos ver mais de um palmo além do nariz. «Para onde devo ir? O caminho está nítido? Será que há algum obstáculo inesperado, oculto pela neblina; alguma ameaça que me prejudique?»
Tudo se resume à visão – ou à falta dela. No contexto dos negócios, muitos empreendedores, inovadores e líderes de sucesso viveram grandes realizações, em parte graças a um factor importante: tiveram visão acerca do que queriam fazer e de como fariam para chegar lá. E eles agarraram-se àquela visão, mesmo quando o caminho não parecia claro ou estava obscurecido pela «neblina».
De modo semelhante, uma equipa de negócios prospera quando todos partilham uma visão comum – não apenas para o presente, mas também para o futuro. Talvez conheça a história de um pedreiro a quem perguntaram, há vários séculos, o que estava a fazer. Embora alguns dos seus companheiros de trabalho tivessem respondido que estavam a «misturar cimento» ou a «erguer uma parede», a resposta do pedreiro foi clássica: «Estou a construir uma catedral.» Isso é que é visão!
A Bíblia fala muito sobre visão. Uma tradução em particular de Provérbios 29:18 diz: «Quando não há visão profética, o povo corrompe-se […].» Outra tradução expressa: «Não havendo profecia, o povo corrompe-se […]»
Um líder eficaz é aquele que compreende a importância de transmitir uma visão à equipa corporativa e que é capaz de responder a perguntas como: «Para onde vamos?» «Porquê?» «Como é que chegaremos lá?» «Que faremos quando chegarmos?» Será que estão apenas a construir uma parede – ou uma catedral?