Foi uma reunião impressionante. Reuniram-se almirantes, generais, capitães, coronéis, directores de empresas, médicos, professores. Homens influentes de várias patentes e profissões. No entanto, nenhum dos seus sucessos e fracassos era perceptível, pois sem os seus uniformes tinham todos a mesma aparência. A reunião foi uma viagem pela memória, na celebração dos 55 anos da nossa turma de 1961 da Academia Naval dos EUA, que se realizou em 2016. Enquanto olhava à volta da sala e relembrava as memórias de todos aqueles jovens guerreiros, cheios de incríveis esperanças, sonhos e aspirações, só conseguia pensar: «Para onde é que eles foram?»Todos os jovens guerreiros militares, outrora fisicamente aptos, eram agora homens velhos enrugados. Pude reconhecer alguns, mas foi necessário olhar para os crachás para identificar a maioria deles. Olhando mais de perto, pude recordar cada um deles, como eram no dia em que atirámos os nossos bonés ao ar no momento da graduação, mudámos o nosso uniforme para o do ramo de serviço escolhido, e nos lançámos na etapa seguinte da nossa grande jornada de vida.
Na reunião, revivemos todas as aventuras e desventuras que tínhamos partilhado durante esses quatro anos em que vivemos juntos. Houve tempo para partilhar brevemente alguns dos pontos altos dos 55 anos que se seguiram. Na manhã seguinte, reunimo-nos na bela capela abobadada da Academia Naval. A tradição tem sido a de nos reunirmos para um culto evocativo em homenagem aos colegas de turma que faleceram desde a última reunião. Nesse ano, a lista continha 66 nomes. Após o fim do conflito do Vietname, os números diminuíram, mas ultimamente subiram novamente, uma consequência natural do avanço da idade nos homens.
Sentado naquela capela histórica, não podia deixar de me perguntar quantos dos presentes estariam listados no programa do culto evocativo dali a cinco anos. Considerando os sucessos dos membros desta classe, estou certo de que há alguns cujos nomes estão gravados em monumentos, mas não pude deixar de pensar que, um dia, todos os nossos nomes serão gravados em pedra — nalguma campa ou cemitério.
A morte, a quem alguns se referem como «O Ceifeiro», não faz distinção de pessoas. Não importa quão poderosos, bem sucedidos, ou quão ricos possamos ser, aquela cova torna-nos todos iguais. A morte é um processo muito democrático — todos nós vamos morrer. O nosso pedaço de pedra pessoal terá o nosso nome e duas datas (nascimento e morte), separadas por um traço. Como um homem disse uma vez, ao avaliar a sua vida, «tudo gira à volta do traço» — aquilo que acontece nos anos que estão entre as duas datas.
O culto incluía uma leitura de Eclesiastes, um dos meus livros da Bíblia preferidos. Salomão, conhecido como talvez o homem mais sábio que já viveu, escreveu: «Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer […]» (Eclesiastes 3:1-2). Anteriormente, no livro, ele tinha feito uma pergunta profunda: «Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?» (Eclesiastes 1:3). Ou seja, não há Lucro.
A sua conclusão não era a que se poderia esperar. Ele disse: «O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há novo debaixo do sol.» (Eclesiastes 1:9). Por outras palavras, não há Progresso. Salomão também concluiu: «Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito.» (Eclesiastes 1:14). O que significa, em última análise, que não há Propósito.
Se não houver lucro, progresso, ou propósito «debaixo do sol» — na terra — então devemos assumir que estes só podem ser encontrados no Céu, onde as coisas durarão para a eternidade. Ainda está a escrever o seu epitáfio, por isso, o que dirá o seu «traço» sobre a sua vida? O seu «traço» incluirá algo de lucro duradouro, de progresso ou de propósito?