Com mais frequência do que gostaríamos, ouvimos histórias tristes, às vezes escandalosas, sobre líderes proeminentes sendo culpados de falhas éticas ou morais. Alguém que construiu uma sólida reputação e conquistou o respeito e admiração dentro de seu campo profissional vendo repentinamente tudo isso ser destruído quando suas más ações vêm à luz.
Como isso pôde acontecer? Ficamos a imaginar e sacudimos a cabeça, quem sabe pensando nas palavras de um pesaroso Davi, futuro rei Davi de Israel, “…Como caíram os guerreiros!” (II Samuel 1:19), depois de saber que o rei Saul e seu filho, Jónatas, haviam sido mortos no campo de batalha. Outras perguntas podem surgir em nossa mente, quando ouvimos falar sobre a queda épica de um líder: “Isso poderia ter sido evitado? Teria havido sinais precoces de que a carreira desse indivíduo estava tomando um rumo devastador?”
As Escrituras fazem muitos alertas quanto à possibilidade de tais coisas acontecerem. Por exemplo, I Coríntios 10:12 adverte: “Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia.” Provérbios 4:23 alerta: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida.”
As páginas da Bíblia mencionam muitas pessoas que começaram muito bem, caminhando com Deus, mas em algum ponto ao longo do caminho foram apanhadas em áreas de pecado com terríveis consequências. Ironicamente, uma delas foi o rei Davi, que II Samuel 11 nos conta, não somente cometeu adultério, como ainda ordenou que seu leal oficial, Urias, fosse morto para encobrir o seu delito. Uma vez que todos nós somos imperfeitos, isso implica em dizer que tais falhas são inevitáveis?
Uma medida preventiva seria estabelecer um relacionamento de prestação de contas com um ou mais indivíduos nos quais você confia e sabe que serão honestos com você. Para que isso funcione eficazmente você precisa estar disposto a dizer a eles “Vocês podem me perguntar qualquer coisa, sobre qualquer área da minha vida.” O propósito disso não é eles o apanharem em alguma falta, mas sim capacitá-lo a ser bem-sucedido ao fazer as coisas que deseja e alertá-lo caso eles sintam que você está indo na direção errada. Aqui estão alguns princípios úteis extraídos da Bíblia:
Nós podemos nos manter um ao outro afiados. Nos beneficiamos com uma “fricção construtiva” quando entramos em atrito um com o outro no processo de cuidar de relacionamentos de prestação de contas, buscando mutuamente o melhor para cada um. “Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro.” (Provérbios 27:17).
Nós podemos encontrar forças quando somos muitos. Em isolamento há o risco de racionalizar e até mesmo enganar a nós mesmos levando-nos a fazer coisas que sabemos serem erradas ou imprudentes. “É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se…” (Eclesiastes 4:9-12).
Nós todos precisamos de encorajamento. Em tempos de desânimo é que ficamos mais vulneráveis à tentação. As pessoas que nos encorajam podem nos fazer lembrar da esperança que temos no Senhor. “E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros…” (Hebreus 10:24-25).
Nós podemos depender de pessoas de confiança quando falhamos. Ao invés de ocultarmos o pecado, permitindo que a culpa nos consuma, podemos depender de parceiros a quem prestamos contas de nossas ações; eles podem oferecer conselhos inestimáveis acerca de como voltarmos para o rumo certo. “Portanto, confessem seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz.” (Tiago 5:16).